A eternidade. Arthur Rimbaud na oração inter-religiosa desta semana

Foto: Wallpaper-HD.Com

20 Agosto 2021

 

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.

 

A eternidade

 

Acharam, veja só.

O que? A Eternidade.

É quando o mar dissolve-se

No sol da tarde.

Oh, alma sentinela,

Que confessemos logo,

Noite que nos cancela

E o dia em pleno fogo.

Dos sufrágios humanos,

Dos impulsos do mundo,

Liberte-se dos anos

E voe num segundo.

Pois só vocês não falham,

Centelhas de cetim,

O seu Dever exala

Sem que se diga, fim.

Lá não tem esperança,

Promessa de futuro.

Ciência e paciência,

O suplício é seguro.

Acharam, veja só.

O que? A Eternidade.

É quando o mar dissolve-se

No sol da tarde.

 

Fonte: Arthur Rimbaud. A eternidade. Publicado na Revista Pernambuco, n. 186, agosto de 2021, p. 21 (tradução de Rodrigo Garcia Lopes).

 

 

Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (Retratado por Étienne Carjat | Wikimedia Commons)

 

Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (1854 - 1891): Poeta francês, influenciou a literatura, a música e a arte modernas. Tinha fama de libertino e conhecido por ter uma alma inquieta, o que o levou a viajar de forma intensa por três continentes. Morreu jovem, aos 37 anos, por problemas decorrentes de um câncer. 

 

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